quarta-feira, 1 de abril de 2015

Imagens e sociedade: uma análise que vai muito além do ver

O ato de registrar o mundo através das imagens não é algo extremamente atual, pelo contrário, a história deve muito as pinturas rupestres, imagens feitas nas paredes das cavernas pelos nossos ancestrais no período Paleolítico Superior. Hoje, com a modernização e a tecnologia as imagens já podem ser feitas através de fotografias e vídeos e já podem ser divulgadas ao mundo todo em questão de minutos e além disso, podem ser alteradas e melhoradas para causar determinado impacto sensacionalista na sociedade. Mesmo com tanta facilidade, isso tudo só existe por causa de um fator essencial: a visão.
É exatamente este sentido do corpo humano que foi um dos responsáveis pelo avanço do sociedade. Sem este sentido, Karl Marx não teria enxergado os conflitos da sociedade capitalista, Nelson Mandela não teria enxergando as desigualdades raciais na época do Apartheid e nem Einstein teria enxergado a relatividade do tempo e do espaço. No entanto, a visão explanada aqui não é do sentido biológico, mas do sentido subjetivo. É claro, que entender o funcionamento da visão humana é importante, mas na escola da vida tudo é possível, até mesmo um cego enxergar.
Prova dessa afirmação é o documentário “Janela da Alma” dirigido por João Jardim e Walter Carvalho em 2011. Com um tema de extrema relevância, o documentário relata a percepção de mundo de dezenove pessoas com diferentes problemas de visão. Em seu roteiro vemos fotógrafos cegos e cineastas que fizeram de seus problemas filmes maravilhosos. Analisando tais contextos, percebe-se algo muito encantador: Para nenhum deles, ter a visão perfeita é sinônimo de enxergar, justamente o contrário, para eles enxergar vai muito além do ato de ver.
Ver. Ação muito relativa tanto quanto o tempo e espaço de Einstein. Num mundo de bombardeio de informações ver só não basta, é preciso analisar o contexto da imagem. Dez veículos de comunicação podem dar a mesma notícia com a mesma fotografia, porém a real intenção da colocação daquele fato ou imagem só será integralmente visto depois de uma minuciosa checagem do caráter daqueles meios. Pensando por um aspecto mais profundo, a frase “uma imagem vale mais que mil palavras” é super verdadeira hoje em dia, mas isso nos olhos daqueles que apenas veem. Já aqueles que analisam, tem outra perspectiva de frase: “uma imagem só é válida, depois do estudo de mil palavras.”
Sim, a sociedade vive na Caverna de Platão, isso desde a antiguidade. Prova disso, era a explicação mítica aceita como verdadeira quase que todos os séculos antes de Cristo. Essa espécie de explicação só foi derrubada com a postura de pessoas que procuraram enxergar outro lado. Por isso, que é aceitável dizer a sociedade vive na Caverna de Platão. Assim, como os prisioneiros do Mito da Caverna, a sociedade só enxerga ela mesma através de um ponto de vista, e todos aqueles que são diferentes deste já não são aceitos como civis.
“A maneira como um enxerga não é igual a do outro.” Essa afirmação não é falsa, no entanto numa sociedade em que a alienação é algo muito forte, a padronização de interpretações começa a ser algo possível. Num primeiro momento, haverá uma interpretação própria de imagens porém, a capacidade de argumentação dos aplicadores de alienação é muito mais forte, e acaba que “a segunda impressão (induzida) é a que fica.
Em meio a tanta argumentação, percebemos o quanto o mundo e suas produções de imagem podem ser perigosas, no entanto, existe um santo alimento que pode nos ajudar a escapar das inúmeras armadilhas produzidas: a informação. Informação esta feita pelos profissionais da notícia: os jornalistas. Porém, a informação só será realmente uma arma nesse combate quando os próprios jornalistas começarem a entender a seriedade do seu material do trabalho. E pode ter certeza, apesar de ser uma missão árdua já existem pessoas que estão lutando por uma sociedade onde as imagens e informações relatadas sejam de caráter verídico. 



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